Desencantando o encantamento
Encantaste-me na meninice, seduziste-me na juventude, mas não conseguiste prender-me ou, covardemente, fugi de teu encanto.
Frustrei-me.
Hoje sinto-te a falta em todas as tuas manifestações, seja através do desenho, do jogo das formas e cores, da música ou da palavra escrita.
Gostaria de ter me dedicado a ti, viver de ti, por ti, mas não posso mudar o que passou.
Volto ao contato íntimo com a música através de meu filho mais novo por suas aulas de cavaquinho. Volto com o complemento do samba e chorinho, seu ritmo com o pandeiro.
Sinto fome de arte, tenho ímpetos de abraçá-la por inteiro. Quero tocar, desenhar, pintar, compor. Não é lá muito fácil, vou fazê-lo apesar de tudo.
Quero mostrar-me a mim e a todos como artista, libertar o espírito criador que adormeceu. Quero viver a música, não apenas ouvi-la, quero escrever e não simplesmente ler. Quero praticar arte, não admirá-la apenas.
Quero criar um novo tempo de realizações prazerosas através da arte.