Tuesday, May 23, 2006

Manhã de domingo






Consumirei a emoção antes que, inexoravelmente, ela me consuma.
Consumirei a ausência e, antes que ela me consuma, transforma-la-ei em presença.
Liberarei, a partir de agora, todo o sentir contido neste peito de artista que sente a vida e as pessoas palpitarem em volta.
Sinto a moça bonita na varanda do edifício em frente. Ela alisa seus cabelos mansamente soltos. Em que estará pensando? Talvez na praia que não foi.
Sinto-me escrevendo e estranho. Vejo a mediocridade em meu desenho e me espanta o fato de escrever ou de, ao menos, tentar fazê-lo.
Será isto fuga ou busca de uma forma de expressar-me?
Talvez seja a necessidade de transbordar o que me vai por dentro. Quanta coisa já foi escrita e jogada fora; quanto já foi dito e ainda há por dizer.
É domingo.
É domingo sem sol, sem praia.
É domingo sem belos corpos ao sol, sem a moça passante de tanga e de graça.
É domingo sem beijos de amantes banhados de sol e sal.
É domingo sem sol, sem graça, é simplesmente... Domingo.

Carlos Alberto
15/06/80

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