O encontro
Recordação
Foi numa tarde qualquer, de um dia qualquer, em algum mês do ano de 1980 que saímos para almoçar. Sentamo-nos à mesa de um botequim, desses que fazem comidinhas à caseira, e pedimos cerveja. Entre um copo e outro, ou no meio de algum, nos encontramos. Não precisei falar e reconhecestes em mim teu irmão. A emoção do encontro marejou-nos os olhos, sufocou nossas falas. Vistes em mim, amigo-irmão, teu semelhante em querer amores e sentimentos à semelhança dos teus. Vistes em mim o homem a quem, como tu, é dado sentir com intensidade vivida.
Vi em ti mais que um amigo, um irmão daqueles que se colhe dentre muitos, pois é raro.
Soubestes ouvir-me e respeitar-me as emoções quase não ditas, mas transpiradas. Soubestes falar sem interferir em meu pensar e sentir.
Sinto em ti a força na fraqueza e a fraqueza na força, próprio dos homens – gente.
Tens, amigo, a sensibilidade que me toca e comove. Tens o dom da palavra vivida. És capaz de dizer o que sentes e sentir o que dizes. És capaz de parar e perceber o por do sol, a beleza da flor, o sorriso da criança, a música do mar que desliza.
É por que sentes, por que falas, por que ouves, que sou teu amigo, aquele pra toda hora.
14/06/1980


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